quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Arma de destruição maciça


Este post surge um pouco atrasado, mas nesta altura, tempo é algo que rareia para os meus lados, mas antes tarde do que nunca.
Era para escrever sobre as célebres faltas dos deputados da Assembleia da República na sexta-feira que antecedeu um fim-de-semana prolongada, mas para além das ridículas faltas, ainda mais patético e insultuoso para os verdadeiros trabalhadores, foram as declarações de outros deputados a tentarem defender o indefensável. Então abstenho-me de tecer comentários, pois toda a situação espelha quem nos representa ou o deveria fazer na Assembleia da República.
Assim, falo de um assunto bem mais sério, mas igualmente vergonhoso, desta feita para toda a comunidade internacional. Essa arma de destruição em massa, dando pelo nome de Robert Mugabe, e infelizmente ainda actual presidente do Zimbabué, apesar de todas as falsificações e intimidações que existiram nas últimas eleições.
Nas últimas semanas, apesar da enorme epidemia de cólera que grassa por todo o país, originando uma fuga em massa da população para os países vizinhos, nomeadamente Moçambique, e a morte de milhares de zimbabueanos, este facínora tem o descaramento de discursar dizendo que a situação está completamente controlada, e que estas notícias apenas surgem pois têm por detrás a mão dos ingleses.
Num país onde deixou de haver água canalizada por falta de electricidade, num país onde as grandes plantações agrícolas que existiam e que eram geridas pelos ingleses dos tempos da antiga Rodésia, e que faziam do Zimbabué um país com um bom desenvolvimento, está actualmente na completa ruína e com uma das inflações mais altas de todo o Mundo.
Assim, e ao ponto a que eu quero chegar é, será que a ONU ou a comunidade internacional, não deveria tomar uma medida dura no sentido de obrigar a que este “senhor” abandonasse o comando do país que arruinou por completo, e assim tentar solucionar uma situação gravíssima como esta que está criada. Se houve legitimidade, ou se a conseguiram arranjar, para invadir um país em busca de pseudo armas de destruição em massa, será que esta situação, onde Robert Mugabe é claramente uma arma de destruição maciça em pessoa, não existe essa mesma legitimidade. Onde para além do mais, a população nas últimas eleições demonstrou bem a sua vontade de mudança tendo dado o seu voto em força ao outro candidato, Morgan Tsvangirai.
Mas como à dias um jornalista, creio que americano disse, nunca existiu uma guerra para defender os direitos humanos, mas sempre para defender os interesses económicos. Sendo assim, basta aos zimbabueanos tentarem fugir deste inferno, e procurar auxílio nos países mais próximos do seu, e assim tentar sobreviver.

Triste este Mundo em que se vive, onde o dinheiro comanda tudo e todos!

domingo, 2 de novembro de 2008

On a Plain - Read My Lips

Desde o lançamento do EP Special que os On a Plain nunca mais pararam de mostrar o seu trabalho, vários foram os concertos e entrevistas a diversos meios de comunicação, tendo culminado com a atribuição do prémio “Banda Revelação” pela revista Anim’arte.

Depois de em 2007 os On a Plain terem lançado o seu EP, agora surge o seu primeiro, e novíssimo álbum “Read My Lips”. Mas desengane-se quem espera ouvir o lado B do EP, pois ao invés de um som limpo e cuidado como era o do EP, agora este álbum apresenta uma roupagem bem mais crua e rockeira, tendo o tema “Devil’s puppet como expoente máximo. Temos contudo como excepção o single “Change” e o tema “Always Forever” que são aqueles que mais próximos estão da musicalidade do EP.

No entanto, isto não quer dizer que os On a Plain tenham mudado, pois os ritmos melódicos que tão bem os caracterizam não desapareceram, bem pelo contrário, estão cada vez mais presentes.

Resta acrescentar que o álbum é constituído por 10 temas e tem ainda uma faixa multimédia com fotografias, músicas e letras, videoclips e uma biografia da banda, mas disponibiliza muitos outros conteúdos cujo acesso depende da introdução de uma palavra-chave que estará escondida na própria faixa multimédia. Refiro ainda que o álbum tem a chancela da Best Rock Fm.

A apresentação do cd está marcada para o dia 15 de Novembro às 23:00 no bar City.Come em Viseu.

Em baixo podem ver o videoclip do single “Change”.





quarta-feira, 29 de outubro de 2008

The Flight of the Conchords




Esqueçam tudo o que já ouviram dizer acerca de musicais! The Flight of the Conchords são um duo Neo-Zelandês (Nova Zelândia não é Austrália!) que faz comédia com a sua música. O buzz foi tão grande que um dia a HBO os contratou para fazer uma série. Nesta eles são...eles próprios: Bret McKenzie e Jemaine Clement vão até Nova Iorque tentar singrar no meio musical. Como manager contrataram um funcionário do consulado Neo-Zelandês. Concertos é que nem vê-los!
A série já data de 2007 e espera-se uma 2ª temporada para o próximo ano. Tenho que admitir que nunca fui grande fã (muito pelo contrário) de musicais, mas a música e letras destes dois são do mais absurdo e hilariante que existe, sendo que nos intervalos das músicas (vá, não quero exagerar, há 1 ou 2 músicas no máximo em cada episódio) há uma comédia bastante eficaz e viciante.
Aconselhado a todos os que usam o cérebro.

9,5/10

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Mas os pedintes e os artistas...


"Mas os pedintes e os artistas são apenas uma pequena parte da população de vagabundos. São a aristocracia, a elite dos caídos. Muito mais numerosos são aqueles que não têm nada para fazer, sem sítio para onde irem. Muitos são bêbedos, mas este termo não faz justiça à devastação que eles representam. Carcaças de desespero, cobertos de trapos, rostos feridos e a sangrar, arrastam-se pelas ruas como se levassem correntes nos pés. Dormem nas entradas das casas, oscilam insanamente pelo meio do tráfego, caem nos passeios - parecem estar em todo o lado sempre que nos damos ao trabalho de os procurarmos. Alguns morrerão de fome, outros sucumbirão às intempéries, e muitos outros serão espancados ou queimados ou torturados."


Palavras retiradas do livro "A Trilogia de Nova Iorque" de Paul Auster

domingo, 7 de setembro de 2008

In Bruges

In Bruges foi escrito e realizado por Martin McDonagh, e é sem dúvida alguma uma grande película.
O filme aborda uma dupla de assassinos profissionais, que estão a fazer tempo na cidade Belga, após um trabalho mal sucedido em Londres. Enquanto permanecem nesta cidade, criam laços entre si, e começam a reflectir sobre aquilo que tem sido a sua vida, o modo como a encaram e em simultâneo como visualizam a morte.
A forma como o realizador abordou a cidade de Bruges foi notável, pois para além de no final do filme ficar-se com a sensação de que só ali a rodagem podia ter sido feito, pois a forma como o realizador conseguiu gerir todo o simbolismo que esta cidade granjea com a história em causa ser sublime, fica-se igualmente com uma vontade imensa de conhecer a cidade.
Acrescento só que o elenco principal conta com Breadan Gleeson, Ralph Fiennes e Colin Farrell, todos eles com desempenhos notáveis e magistrais.
Para quem gosta de cinema de qualidade, aconselho-o vivamente.

8/10

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

A imagem de uma mulher velha


"Por várias vezes, parou-se diante do espelho do armário. Nua, a imagem de uma mulher velha: os cabelos velhos, a pele pendurada nos ossos, a carne sem forças, os seios murchos a serem duas bolsas de pele gasta."


Palavras retiradas do livro "Cal" de José Luís Peixoto

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

CSS - Donkey

Depois de um primeiro trabalho elogiado e aclamado, a banda brasileira Cansey de ser sexy volta à carga. Desta feita o novo álbum intitula-se Donkey e é composto por 11 temas.
Este novo trabalho mantém as linhas que teceram o anterior - a electrónica e o pop. Na minha opinião este álbum resulta de uma evolução natural do som da banda, pois nota-se ser mais adulto que o anterior, mas em simultâneo mantém o seu lado ingénuo, puro e viciante.
Um facto curioso é que a Volkswagen Brasil associou-se aos CSS e patrocinou o download gratuito do álbum no site do projecto Álbum Virtual. Segundo palavras da Directora de Comunicação e Marketing da Volkswagen Brasil, “o download do novo álbum do Cansei de Ser Sexy é um presente da Volkswagen para o público. Estamos apostando nesta nova alternativa de mídia e queremos que todos, mesmo aqueles que não têm nenhuma relação com a montadora, possam ter acesso à música de uma maneira oficial”.
Não deixa de ser curioso e inovador a atitude desta multinacional automóvel, e obviamente de aplaudir, pois não me recordo de nenhum empresa do género se ter associado a uma banda no sentido de a apoiar.
Será que a "nossa" Volkswagen também está a preparar uma surpresa, e irá apoiar um projecto musical nacional?

PS: Escusam de tentar fazer download do álbum no site Álbum Virtual, pois apenas utilizadores com ip brasileiro estão autorizados a fazê-lo.

quarta-feira, 30 de julho de 2008

Call Girl

Segundo o Instituto do Cinema e Audiovisual, o filme Call Girl, entre os meses de Janeiro e Junho do corrente ano, foi o nono filme mais visto, tendo totalizado 175499 espectadores e uma receita bruta de €779.271,85.
Parabéns João Pedro Vasconcelos, pelos números, não pelo filme, pois este, apesar de ser razoavelmente melhor que "Corrupção" de João Botelho, o que também não era difícil de ser conseguido, é igualmente um filme fraquinho.
Sinceramente que não é uma fixação minha em criticar de forma leviana o cinema português, pois um filme como o Sorte Nula, por exemplo, merece a minha melhor crítica. É um filme ajustado à realidade portuguesa, cingindo-se a uma história simples, mas muitíssimo bem trabalhada, sem tentar colar-se às "americanices" audiovisuais. Agora Call Girl tenta ser aquilo que não pode nem deve ser.
No entanto a verdade é uma, é que apesar da fraca qualidade de filmes como "O crime do Padre Amaro", "Corrupção" e agora "Call Girl", os portugueses têm correspondido, pois têm acorrido em grande número aos cinemas, fazendo provar que afinal o crime compensa. Farei então parte de uma pequena minoria, que não se limita a ver um trailer para correr em direcção a um cinema para apreciar, a qualidade, ou a falta dela, neste tipo de filmes.
Em relação a Call Girl, dizer que este centra-se em Maria a tal Call Girl, que é contratada por um intermediário de uma empresa do ramo imobiliário, no sentido de seduzir o Presidente de uma Câmara a aprovar um determinado empreendimento turístico. Entretanto surgem dois agentes da PJ, que procuram provar indícios de corrupção em todo este processo.
Acrescento só, que alguém devia alertar a Soraia Chaves, que esta, num filme, para além de mostrar de forma despudorada o seu corpo, deveria igualmente mostrar qualidade enquanto actriz.

5/10

China "censura" Jogos Olímpicos

Os próximos Jogos Olímpicos aproximam-se e a China, país anfitrião, começa a mostrar a sua pior faceta.
Depois de ter sido prometido que durante a realização dos Jogos o acesso à Internet não seria alvo de qualquer tipo de restrição, agora surge indicação em contrário. Muitos jornalistas que já se encontram na China, já sentem a censura que o Governo chinês impõe na rede, pois sites como o da Amnistia Internacional, Wikipédia, entre outros, estão simplesmente inacessíveis.
Apesar do Presidente do Comité Olímpico Internacional, Jacques Rogge, ter afirmado que irá ter "discussões muito sérias com as autoridades chinesas sobre este assunto", parece-me óbvio que a censura permanecerá.
Um governo como o chinês, que dirige um país através da força e da formatação das mentes, atitudes como esta, é-lhes absolutamente normal, pois segundo palavras do seu Presidente, Hu Jintao, esta medida é classificada como "purificação da rede".
Para além do mais, um país que continua orgulhosamente a exibir o retrato de Mao Tsé-Tung na Praça Tiananmen, este tipo de atitudes são compreensíveis, e até pecam em não serem mais abrangentes e agressivas.

sexta-feira, 27 de junho de 2008

[Rec]


E quem disse que o formato do original Blair Witch Project estava mais que batido? Vencedor do Grande Prémio para Melhor Filme do Fantasporto 2008, este filme Catalão é realizado por Jaume Balagueró e Paco Plaza.
A história começa com uma rotineira gravação de um programa nocturno de uma TV local que acompanha a vida de quem trabalha enquanto a maioria da população dorme. Desta vez a jornalista Ángela (Manuela Velasco) e o seu operador de câmera Pablo (voz de Pep Sais) tratam de acompanhar uma corporação de bombeiros na sua rotina nocturna. Uma chamada aparentemente normal com o propósito de abrir uma porta de onde se ouvem gritos de uma já habitual idosa histérica torna-se numa sessão imparável de horror para os habitantes do antigo prédio do centro de Barcelona.
Sem as perversões Hollywoodescas de sons e música que vão crescendo de tom e nos tiram toda a surpresa, este filme prendo-nos efectivamente ao ecrâ e provoca finalmente uns sustos à antiga, tornando-se um fenómeno pessoal parecido com medo. Eu que sempre fui grande adepto de filmes de terror, já há muitos anos que não era assim surpreendido. Ah, e não se espantem se no fim de contas a culpa fôr Portuguesa!
Pelo que andei a vasculhar, já está na calha a adaptação ao cinema americano. Fica ao vosso critério se augurará algo de bom.

8,5/10

quarta-feira, 25 de junho de 2008

O Eco-Acontecimento


O regresso de M. "Night" Shyamalan é considerado o bater no fundo deste (outrora considerado) prodígio do cinema. Depois de êxitos (nem que seja de bilheteira) como "The Sixth Sense", "Unbreakable", "Signs" e "The Village", em que além de realizar também escreveu e produziu, veio a desilusão de "Lady in the Water" e agora este "The Happening".
Este eco-argumento está bem idealizado, mas falta-lhe a substância para o transformar num verdadeiro filme. Assistir a este acontecimento lembrou-me aquelas séries e mini-séries da BBC em que se faz a possível reconstituição de como seria no tempo dos dinossauros e como será com as novas espécies no Futuro. E se? E se as plantas, conhecido o seu poder de adaptação e de defesa excepcional se "revoltassem" contra a maior ameaça que defrontam na actualidade, o ser humano? Não de uma maneira cataclítica, mas com a mais "básica" adaptação Lamarckista, libertar um químico que bloqueia o nosso sistema de autopreservação, levando os humanos a simplesmente suicidarem-se. Ah, e as plantas comunicam umas com as outras. Ok, a ideia está engraçada, mas quando pelo meio se mete uma história de amor entre um casal cuja relação parece arrefecer, quando essa história de amor culmina num cliché altamente redondo no fim do filme, então o caldo está entornado.
Também admito que tem algumas cenas impressionantes que não ficam atrás de muitos filmes supostamente de terror...já agora, este filme nos EUA levou um R (proibido a menores de 17 não acompanhados por adultos), aqui é para maiores de 12... E porque não, na TV há coisas bastantes piores!

5,5/10

sexta-feira, 6 de junho de 2008

A incerteza do futuro

As ondas de choque criadas pela actual crise petrolífera estão a ser sentidas por toda a Europa e EUA, e na minha opinião, estas, ainda são só as pequenas, porque a grande turbulência ainda está para chegar.
O que é mais incrível, é que apesar de os especialistas considerarem que esta crise é essencialmente suportada pela especulação, é óbvio que os principais países exportadores de petróleo estão amplamente satisfeitos com esta situação. Eles continuam calmamente sentados a assistir aos novos máximos atingidos diariamente pelo preço do barril de petróleo, pois os lucros daí provenientes são sempre em crescendo.
No meio de tudo isto, o que é mais bizarro, é que países como o Irão e a Venezuela, ambos inimigos dos EUA e Europa, excepção feita a Portugal no que diz respeito à Venezuela, pois aparentemente Chavez e Sócrates são grandes amigos, conseguem criar enormes convulsões económicas e sociais a estes dois grandes blocos, sem dispararem uma única bala.
Através da "simples" manipulação do mercado petrolífero, EUA e Europa tremem e temem pelo futuro que se aproxima, pois estando aparentemente impossibilitados de mexerem nos impostos sobre os combustíveis, estes não pararão de aumentar, criando deste modo, uma espessa nuvem negra sobre a toda a economia, e uma incerteza atroz sobre os desenvolvimentos futuros.

sábado, 31 de maio de 2008

Amy Winehouse - Rock in Rio

Decepcionante, triste e vergonhoso são os melhores adjectivos para caracterizar o concerto de Amy Winehouse no Rock in Rio Lisboa.
Havia muita expectativa em redor deste concerto, por todos os motivos. Por um lado era a primeira vez que Amy Winehouse actuava em Portugal, depois saber se ela iria aparecer, se à última hora não cancelava o seu espectáculo por uma qualquer crise ligada às drogas, e por último para se perceber que tipo de espectáculo estava preparado.
Infelizmente, tudo o que estava ligado à vocalista, esteve tudo péssimo. Os outros músicos estiveram brilhantes, todos altamente profissionais, e foram sem dúvida alguma o que se salvou do concerto. Pois quanto a Amy Winehouse foi terrível, apresentou-se num estado decadente, um autêntico farrapo. A sua voz que tão é elogiada, e bem, neste concerto apenas se ouviram sussurros, uma rouquidão triste e baça. Os seus movimentos eram robotizados, nada lhe saía de forma espontânea e natural. A sua actuação ficou ainda marcada, por mais um momento infeliz, nomeadamente uma queda em palco, inseparavelmente ligada ao seu estado narcótico evidente.
É triste que alguém que é possuidor de uma voz tão portentosa, que poderia assim ter um futuro e uma carreira brilhante, estar completamente mergulhada no mundo da droga.

sexta-feira, 30 de maio de 2008

Antes e agora

Enquanto lia “Rio das Flores” de Miguel Sousa Tavares, depara-mo com uma caracterização do Portugal pós-monarquia, dos anos que seguiram à implantação da República e é incrível como esta mesma caracterização pode ser transporta para a realidade actual. Obviamente com adaptações a fazer, mas como diria um professor que eu tive, a história está sempre a repetir-se, o que muda apenas são os actores e os palcos. Este é um caso em que estas palavras encaixam na perfeição, senão vejamos:
“Um Portugal profundo e obscuro, fechado sobre si mesmo e desconfiado de tudo o que lhe parecia estranho ou alheio, resistia a cada tentativa de reforma, a cada apelo cívico à “cidadania”, e ignorava por completo as vantagens da “civilização das luzes” sobre as antiquíssimas trevas em que se habituara a viver. Pelo contrário, desde há uns anos que não parava de crescer o número dos que, todos os meses de Maio, seguiam em romaria até à aldeia estremenha de Fátima, onde uma absurda crença popular pretendia que Nossa Senhora tinha aparecido a três jovens miseráveis pastores, flutuando sobre uma azinheira e prometendo “a salvação de Portugal” e “a conversão” da nascente Rússia bolchevique.
Fora alguns restritos círculos político-intelectuais da capital ou do Porto, ignotas tertúlias de cidades do interior e alguma oficialidade dos destacamentos militares aí sediados, nenhuns outros portugueses seguiam com atenção ou sequer entendiam os floreados absurdos dos discursos dos deputados que supostamente os representavam no Parlamento de Lisboa ou a grandiosidade oca dos debates que aí ocorriam.”

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Nunca esquecer para mais tarde recordar

Sempre que se vê um filme e por mais breves que sejam as passagens mas que abordem a questão do Holocausto, é impossível que todos aqueles que tenham um pingo de estabilidade emocional, não sintam angústia e revolta por aquilo que se vê. No entanto, quando se revê um filme como "A Lista de Schindler", esses mesmos sentimentos surgem de um modo mais duro e abrupto.
Parece incrível como seis milhões de pessoas morreram, apenas por serem Judeus, era este o "crime" delas, serem Judeus.
Para além desta monstruosidade, e de tudo aquilo que a envolvia, houve quem arriscasse tudo, para salvar vidas. Obviamente que Schindler foi um enorme exemplo, mas não nos esqueçamos de Aristides de Sousa Mendes, o embaixador de Portugal em Bordéus, que de forma brava e destemida, salvou dezenas de milhares à morte certa.
Estes sim são os verdadeiros Homens, exemplos de verticalidade e de humanidade, e deveriam ser estes as referências para as juventudes, que tão longe andam desta realidade. Infelizmente continuam a impingir-lhes Cristianos Ronaldos e afins, pessoas tão fúteis e desprovidas de qualquer interesse moral, e que mais não servem do que para irem "alimentando o circo".
Quem tem valor e quem é realmente importante vai paulatinamente sendo esquecido e arrumado a um canto, e só de vez em quando lá é lembrado. Por isso, é com tristeza que vejo por exemplo, que a casa que pertenceu a Aristides de Sousa Mendes não seja recuperada e transformada em Museu, para que a sua pessoa e os seus actos jamais sejam esquecidos, pois deveriam ser eternamente lembrados e reconhecidos.

sexta-feira, 23 de maio de 2008

In the Valley of Elah


O filme "In the Valley of Elah", baseado em factos verídicos, conta a história de um veterano de guerra (Tommy Lee Jones), a sua mulher (Susan Sarandon) e a busca que ambos desencadeam pela procura do seu filho, um soldado, que havia regressado do Iraque à 4 dias, mas que desaparece misteriosamente, e da detective da polícia (Charlize Theron) que participa activamente nesta investigação.
Para além da história da procura pelo soldado desaparecido, este filme pretende mostrar as devastações psíquicas e sociais que advém da presença em cenário de guerra, a formatação que os soldados são sujeitos, e a forma impiedosa como tudo aquilo que viveram, neste caso no Iraque, os marcará de forma absoluta e indelével.
Ao ver-se "In the Valley of Elah" é impossível até ao ser mais insensível ficar indiferente àquilo que nos é apresentado. Depois de longos meses a combaterem e a viverem sob uma tensão e um stresse constante, onde vêem e fazem coisas que jamais imaginariam, estes mesmos soldados passam para uma realidade totalmente oposta. No entanto, é uma realidade na qual eles têm extrema dificuldade em conseguirem voltar a integrar-se, e onde se sentem totalmente deslocados e ausentes, ou seja, é como estar sozinho apesar de ter um mar de gente à sua volta.
À parte de tudo isto, assiste-se a um grande desempenho de Tommy Lee Jones, muito parecido com aquele que ele teve em "No country for old men". Mas destaco acima de tudo, a simbiose perfeita entre esta personagem e o ritmo que foi imprimido ao filme.
Aconselho!

7/10

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Israel + Palestina = Guerra sem fim?!


A questão israelo- palestiniana é daquelas situações, que todo aquele que queira ter uma visão realista e imparcial sobre a situação, terá sempre de culpabilizar os dois estados pela situação que todos conhecemos.
Contudo, será “normal”, nós ocidentais termos uma certa tendência para mais facilmente apontarmos o dedo aos palestinianos, e aos seus cegos atentados bombistas, para justificarmos a situação extrema em que esta questão se encontra, no entanto, deve-se ter uma visão holística sobre todo este processo, e desse modo, de forma inequívoca a culpa terá de obrigatoriamente ser repartida, entre israelitas e palestinianos.
Ao longo de todos estes anos de luta, nunca houve sensatez dos dois lados, e estes tempos mais recentes têm sido pródigos em acções nada prudentes e ponderadas. Leio então, que a unidade que fornece electricidade à Faixa de Gaza, teve de parar por falta de combustível que foi impedido de entrar no território devido ao bloqueio israelita, pois o último fornecimento aconteceu na quarta-feira, altura em que as autoridades israelitas isolaram Gaza e a Cisjordânia para os eventos comemorativos do 60º aniversário da fundação do Estado de Israel. Parece-me evidente, que esta decisão é absurda e fortemente criticável, pois um processo de paz, é construído e desenvolvido não só nas grandes acções e decisões, mas igualmente nos pequenos gestos e atitudes. Mas uma vez mais a intolerância prevalece, e promove assim a mensagem fácil dos radicais palestinianos.
Infelizmente continuam a querer resolver este enorme problema alicerçando as suas acções em intransigência e altivez, mas é por demais evidente que ódio gera ódio, e violência gera violência, e o círculo vicioso mantém-se.

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Precisa-se Revolução de Mentalidades

Geração à Rasca é sem dúvida alguma a melhor expressão para caracterizar, a geração a que eu, feliz, ou infelizmente pertenço.
Esta aflita geração, é o resultado de uma outra, constituída por rapazes e raparigas, que fizeram uma Revolução, que viveram debaixo de um regime totalitário, que viverem em famílias puramente tradicionais, que viveram numa sociedade em que estudar era só para alguns, que acima de tudo, viveram sem liberdade.
Depois de terem vivido tudo isto, e de se terem conseguido libertar destas estúpidas amarras ideológicas, quiseram, com idealismo e utopia, proporcionar aos seus descendentes, aquilo a que eles não tiverem direito, apesar de obviamente condicionados, por tudo aquilo que lhes foi impregnado pela asfixiante sociedade em que viveram. Assim, tudo fizeram para que os seus filhos percebessem o significado da palavra liberdade, mas sem nunca a confundirem com libertinagem, pois os valores e os princípios eram/são ponto de honra, e igualmente lutaram para providenciar um futuro mais risonho, investindo, entre outras coisas, na educação e formação dos seus filhos.
Contudo, aquilo que o 25 de Abril de 1974 prometeu, ao longo destes 34 anos, foi-se esfumando, a democracia não se tornou naquilo que muitos haviam sonhado, afinal, nem todos têm os mesmos direitos e deveres apregoados.
A geração à rasca é bem o exemplo disto, é aquela geração que tem um curso superior, mas que ou não arranja emprego, ou vai-se sujeitando à precariedade, e às oportunidades temporárias que lhes surjam. Continuam a ser estes, que se iludem quando vêem um anúncio de um estágio profissional numa Câmara Municipal, e julgam terem ali uma oportunidade de ouro para iniciarem carreira na sua área de formação académica, e imbuídos nesta ilusão, esquecem-se que as Autarquias são a face mais negra deste Portugal corrupto e desigual, e apesar de por vezes percorrerem dezenas ou centenas de quilómetros para irem a uma patética e suposta “entrevista de emprego”, vêm posteriormente a saber que o familiar do vereador, ou o filho do amigo do Presidente da Câmara foi miraculosamente o eleito para o cargo em questão.
Tudo isto é verdade e simultaneamente triste, pois o Portugal que foi idealizado, tornou-se no país de alguns, de uma meia dúzia que vai reinando e sugando tudo o que lhes é possível, e esta geração, à rasca, vai lutando e sobrevivendo contra uma sociedade que afinal ainda é cinzenta, triste, e acima de tudo, oportunista.

terça-feira, 22 de abril de 2008

Mulheres ao poder!

Esta senhora, que se encontra na foto chama-se Carme Chacón e é a mulher do momento em Espanha. O motivo é simples, acabou de ser nomeada Ministra da Defesa em Espanha, algo inédito.
No entanto, duvido que as altas patentes militares espanholas tenham encarado esta nomeação com bons olhos, e tenho igualmente dúvidas, se esta senhora terá a capacidade de liderança necessária para conduzir futuras reuniões de trabalho com essas mesmas altas patentes militares, e a frieza e a capacidade de decisão suficiente para tomar medidas, mesmo que estas vão em oposição às dos militares, o futuro dirá.
Mas esta senhora, não foi a única mulher a ser nomeada para o novo governo de Zapatero, mais nove a acompanharam. É sem dúvida alguma um facto inédito, contudo, esta decisão tem dentro de si algumas reticências, pois não se sabe até que ponto, Zapatero não terá formado um governo tão feminino, para cair nas graças dos espanhóis, e ter deste modo uma boa base popular de apoio, pois ao não ter conseguido a maioria absoluta, a sua governação será extremamente mais difícil.
Não me surpreenderia tal facto, pois o próprio Zapatero, já afirmou que gosta de se passar por vítima, ser visto um pouco como o coitadinho, e se esta medida surgir nesta linha de ideias, é sem dúvida alguma, totalmente desprezível, pois aproveita-se da criação de um governo maioritariamente feminino para conseguir governar de forma mais liberta.
No entanto, caso esta tenha sido uma nomeação autêntica e verdadeira, é de se louvar, pois demonstra que não houve necessidade de se imporem números mínimos, para mulheres chegarem a altos cargos de decisão, como acontece um pouco cá por Portugal, onde existe a obrigatoriedade dos partidos políticos na Assembleia da República, terem um número mínimo de elementos do sexo feminino em cada bancada parlamentar. Sinceramente, considero esta lei, totalmente inútil e desprestigiante para as mulheres, pois a ideia que passa, é que a grande maioria das mulheres que é deputada na Assembleia da República, só o é, por imposição da lei, e não por mérito e competência das mesmas.
É demais óbvio, que nos tempos que correm, quando alguém é competente, tanto faz ser Homem ou Mulher, que o mérito é-lhe atribuído, pegue-se no exemplo actual das eleições para o PSD, apesar de já existirem quatro candidatos masculinos, a mais do que provável candidatura de Manuela Ferreira Leite, torna-a quase que automaticamente futura líder do PSD.
Termino só referindo, que convém relembrar que Portugal já teve uma Primeira Ministra, apesar de ter sido num Governo Provisório, algo frequente na época em que ocorreu, mas Maria de Lurdes Pintassilgo, governou.

segunda-feira, 21 de abril de 2008

Papa Bento XVI

Ao contrário do Papa João Paulo II, Bento XVI tem-se pautado por uma postura mais sóbria e recatada, estando este facto patente, nas pouquíssimas visitas a países por ele efectuado até ao momento. No entanto, de um forma surpreendente, diga-se, Bento XVI decide visitar os Estados Unidos da América, país, que actualmente não seria de todo o mais aconselhável a visitar, e a espalhar a fé católica, atendendo ao clima crispado que existe ou existiria, resultante de toda a polémica gerada pelos actos pedófilos cometidos por alguns padres em solo norte-americano.
Contudo, e sem sombra para dúvidas, Bento XVI triunfou, pois o modo como abordou esta visita, foi de forma muita astuta e clínica. Primeiramente, na declaração inicial que fez aos americanos, abordou de uma forma inesperada e descomprometida, o assunto maior, ou seja, os actos pedófilos cometidos pelos padres. Seguidamente, ao efectuar um encontro com algumas das pessoas que foram alvo de abuso sexual pelos padres, conseguiu passar a mensagem de repúdio pelo sucedido, e de solidariedade para com todos aqueles que sofreram tal acto hediondo.
Assim, ao invés do que seria expectável, seguir o vulgar modo de actuar da Igreja Católica no que toca a assuntos incómodos, tentativa de os ignorar, e torná-los tabu, Bento XVI enfrentou esta matéria de forma destemida, conseguindo deste modo, com que uma pedra tenha sido definitivamente colocada sobre o assunto.
Curioso este modo de agir do Papa, pessoa tão previsível no modo de agir e pensar, sempre apostado em guiar-se pela linha mais tradicional, desta feita, surpreende tudo e todos.

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Rita Redshoes - Golden Era

Rita Redshoes, alter-ego da cantora Rita Pereira, editou no mês passado o primeiro álbum a solo, "Golden Era".
Basicamente, estamos perante um grandessíssimo álbum de música, não custa e não cansa de ouvir. Li algures, e subscrevo por completo a descrição que foi dada a este álbum, 12 temas compostos na sua maioria ao piano, suportados por uma voz segura e uns arranjos cuidados. Algo pop, alternativo, algo jazz, algo cinematográfico e muito feminino, algo assim assim.
Rita Pereira, caracteriza o seu cd do seguinte modo, "as canções são fragmentos de mim, de coisas que eu penso sobre o amor, são influenciadas pelo que eu vejo, não tanto pela música, mas por imagens, por filmes. Tenho muitas imagens gravadas na minha cabeça e tudo isso me influencia“. Acrescenta ainda que é um projecto "inspirado num mundo fantástico, não tão real, uma coisa arrojada, associando um lado rock a uma ideia de feminilidade".
O álbum foi co-produzido pela autora e por Nelson Carvalho e nele participam Filipe Monteiro (guitarra eléctrica e teclados), Nuno Simões (baixo), Sérgio Nascimento (bateria) e ainda uma secção de cordas.
Resumindo, aconselho vivamente a ouvirem este álbum, pois com toda a certeza não se irão arrepender. Podem passar pelo myspace da banda, para ouvirem alguns dos temas disponibilizados. Em baixo têm o videoclip do mais recente single do álbum, "Hey Tom".

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Corrupção

Hesitei em fazer este post ou em manter-me quietinho no meu canto, optei pela primeira opção, pois achei que deveria ter uma atitude altruísta, e poupar-vos de perderem cerca de uma hora e meia da vossa vida a verem um filme inútil.
Porventura já o terão visto no cinema, mas se foram como eu, e acharam que o melhor era esperar que ele fosse para dvd, ou aparecesse na net para download, e depois sim o verem, sigam o meu conselho, esqueçam. Sinceramente não há ponta por onde se pegue neste filme, desde a figuração, passando pelo desenvolvimento do próprio filme, não consegui encontrar nada de positivo, excepção feita a um 4 ou 5 actores que granjeiam qualidade, o resto, são simples aspirantes, a precisarem de percorrem um longo caminho de trabalho, para atingirem o estatuto de actores.
Como saberão, a história do filme “Corrupção” gira em torno de um presidente de um clube de futebol e de uma mulher mais nova, da sua relação pessoal, das relações de poder e das influências existentes na indústria futebolística e que envolvem as classes políticas e autárquicas, tudo isto baseado nesse infeliz livro campeão de vendas, intitulado "Eu, Carolina".
Resta acrescentar, que esta película foi o filme português mais visto de 2007, tendo contabilizado 204.885 espectadores.

4/10

segunda-feira, 14 de abril de 2008

I'm not there

Finalmente consegui ver o filme "I'm not there", do realizador Todd Haynes, que retrata a vida sinuosa e inconstante, de Bob Dylan.
Acima de tudo é um filme, digamos, estranho, pois não segue os "cânones" de um vulgar filme biográfico, como o "La vie en rose", por exemplo. Assim, temos 6 personagens, nomeadamente Ben Whishaw, Christian Bale, Richard Gere, Marcus Carl Franklin, Heath Leadger e Cate Blanchett, e cada uma delas retrata uma fase da vida do cantor, poeta e compositor. Destaca-se, que cada uma destas fases é constituída por diferentes formas de narrativa, contribuindo assim, para que este filme, não seja nem simples nem directo, conferindo-lhe deste modo um carácter extremamente complexo, tornando-o tudo menos monótono.
É difícil caracterizar e definir Bob Dylan, pode-se apenas referir, que é possuidor de uma personalidade complexa, profunda e desconcertante, patente nos desempenhos dos vários actores, acompanhada por toda uma carga simbólica presente em todo o filme.
Destaco a brilhante representação por parte de Cate Blanchet, a surpreendente actuação do jovem Marcus Carl Franklin, e a penúltima actuação no mundo da sétima arte de Heath Leadger( já falecido).
Aconselho o filme, mas alerto para o facto que este não é propriamente básico e oco, convém o espectador embrenhar-se na dinâmica peculiar que o filme detém.

8/10

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Rocking Girls Tour 2008


Na passada sexta-feira, os concertos de On a Plain e de Pluma, encerraram a Rocking Girls Tour 2008. Esta tour foi composta por 4 bandas, e todas elas tinham um ponto em comum, o facto de terem uma vocalista, uma voz feminina.
As quatro bandas que compuseram esta tour, foram os Pluma, os Monstro Mau, os Bar e os viseenses On a Plain. Os concertos ocorreram em 4 localidades, nomeadamente, em Leira (Alfa Bar), Alcobaça (Clinic), Rio Maior (In a Bar) e em Lisboa (Musicbox).
Eu tive a felicidade de acompanhar bem de perto esta mini-digressão pelo país, e dos 4 locais de concerto, estive presente em 3 deles, e pude constatar uma vez mais, a aceitação que existe por parte do público, ao material produzido por bandas nacionais, pois para além de um considerável número de pessoas sempre presentes nos concertos, existiu igualmente uma grande empatia entre público e bandas.
Quanto à performance das bandas, não me poderei pronunciar sobre os Bar, pois infelizmente não tive a possibilidade de assistir a nenhum concerto desta banda, no entanto, quanto às outras é de realçar o enorme profissionalismo e qualidade demonstrada por todas elas.
Vi dois concertos dos Pluma, e em ambos ficou patente a segurança em palco de todos os elementos da banda, e constatou-se igualmente uma agradável cumplicidade entre todos eles.
Quanto aos Monstro Mau, vi um concerto, e foi sem dúvida alguma uma agradabilíssima surpresa a sua postura e presença em palco. Passou claramente a mensagem que nada no concerto acontece por acaso, tudo está estudado, dando-se como exemplo a forma estupenda como a banda divulga o link do myspace da banda…só visto e ouvido. Conhecia vagamente o trabalho desta banda, mas o concerto foi o suficiente para me tornar fã.
Por último os On a Plain, vi os três concertos dados pela banda, e a evolução demonstrada pela mesma, do primeiro para o último foi incrível. A atitude e a presença em palco foi sempre em crescendo, tendo culminado com um bombástico concerto no Musicbox em Lisboa, em linguagem mais popular, “partiram a loiça toda”. A energia e o rock melódico, são sem dúvida alguma as suas imagens de marca, e terão sido talvez os fundamentos, para que nos dois últimos concertos em particular, tenham contagiado o público para que este vibrasse do primeiro ao último minuto.
Os Pluma e os Monstro Mau, aproveitaram esta tour, para apresentarem os seus álbuns, respectivamente, “Simplicidade” e “Mostro o meu monstro mau”, enquanto os On a Plain, ainda sem álbum editado, utilizaram-na para testarem alguns dos temas que irão fazer parte do seu cd de estreia.
Não me canso de referir, e de alertar para a qualidade do material que é produzido por bandas portuguesas, e que infelizmente, ainda é tão desprezado, por público, editoras, rádios, etc.

quinta-feira, 27 de março de 2008

Control

"Control", realizado pelo aclamado fotógrafo Anton Corbijn, conta a história de Ian Curtis, líder e vocalista dos míticos Joy Division, até ao momento do seu trágico suicídio. Este filme é inspirado no livro da viúva de Ian Curtis, "Touching From A Distance".
Acima de tudo, é um filme muitíssimo bem conseguido, desde o ritmo que lhe foi imprimido, até ao facto de ser a preto e branco, torna possível com que nos sintamos a viver na década de 70, e a sentir tudo aquilo que está a ser transmitido.
Há dois aspectos em particular que eu destaco, pois são algo de indiscritíveis, por um lado o desempenho do actor principal, Sam Riley, que faz de Ian Curtis, simplesmente fantástico, e por outro lado a fotografia do filme, que é algo de genial, cada plano apresenta uma qualidade única e requintada.
De uma forma simples, o filme resume-se às relações, entre Ian e a sua mulher, e a presença de uma amante, o surgimento da epilepsia e a forma como (não) foi possível lidar com ela, e o caminho para a glória e para o estrelato e o medo de enfrentar esta realidade.
Termino apenas referindo que aconselho vivamente este filme, e indicando uma expressão que surge no filme, e que na minha opinião sintetiza muito bem, a vida pessoal de Ian Curtis, "a luta entre o coração e a consciência do homem".

8/10

terça-feira, 25 de março de 2008

Vicious Five + Linda Martini







Tal como em post's anteriores, uma vez mais apresento, bandas portuguesas de qualidade. Desta feita não em formato videoclip, pois estes são dois fresquíssimos singles, ainda sem vídeo, somente no formato áudio.
Não se pode dizer que estas duas bandas, Vicious Five e Linda Martini, sejam projectos completamente desconhecidos do grande público, dado que os primeiros álbuns trouxeram-lhes visibilidade, e algum reconhecimento. Não foi com certeza o reconhecimento desejado, mas o possível atendendo ao país em que nos encontramos.
São duas bandas, com estilos completamente diferentes, mas têm um ponto em comum, a qualidade que lhes é realisticamente apontada.

segunda-feira, 24 de março de 2008

La vie en rose

O filme "La vie en rose" retrata o percurso de vida, desde a infância até à morte, de uma das figuras maiores da cultura francesa, Edith Piaf.
Assim, o filme, mostra-nos o percurso extraordinário, de alguém que nasceu na completa pobreza, e que graças à sua portentosa capacidade de cantar, conseguiu chegar ás luzes da ribalta de Nova Iorque. Este trajecto de vida, é-nos apresentado por Olivier Dahan (realizador), recorrendo a um ziguezague temporal, ou seja, o filme vai oscilando entre a infância e a idade adulta. Creio no entanto, que este conceito não funcionou de um modo tão correcto quanto desejável, pois certas oscilações, provocam uma certa confusão sobre a situação que se pretende relatar e a sua contextualização temporal.
Quanto à história de vida de Edith Piaf, somos confrontados com alguém que vivia num constante conflito interno, que girava entre a tristeza e a alegria, alguém que porventura derivado da sua problemática e difícil infância, era possuidora de uma certa fragilidade emocional, mas era igualmente uma pessoa que tudo fez para vencer e triunfar no seu mundo da música, tendo no entanto esta ascensão, tornado Edith Piaf dependente do álcool e da morfina.
Apesar de não ser um filme de eleição, merece ser visto, essencialmente por dois motivos, por um lado para se conhecer este tortuoso e triunfante percurso de vida, e por outro lado pela grande prestação da actriz principal (Marion Cotillard) que faz de Edith Piaf.

7/10

sexta-feira, 21 de março de 2008

Tibete

Apesar de toda a repressão chinesa, uma vez mais, a resistência tibetana volta a mostrar sinais de que existe, e que não se subjugará facilmente ao domínio chinês.
Obviamente que a resposta chinesa a esta sublevação popular não se fez esperar, centenas de tropas foram destacadas para "repor a ordem pública" e para prender os "rebeldes". Esta é a declaração oficial da China, mas o que se realmente sucede, é mais um banho de sangue e prisões indiscriminadas para aqueles que não seguem o pensamento do governo chinês. Como é óbvio, a China desmente, mas caso esta não fosse a realidade, não teria havido necessidade desta expulsar todos os jornalistas internacionais, assim como, ter bloqueado o site youtube, dado estarem a serem aqui divulgados vídeos daquilo que realmente sucede no Tibete.
A comunidade internacional por seu turno, contínua impávida e serena a assistir aos desenvolvimentos, pois para azar dos tibetanos, o povo agressor é a China, pois caso fosse um outro país, já haveria sanções económicas, porventura boicote aos Jogos Olímpicos, e quem sabe que mais.
Deste modo, e infelizmente, continuarão os atropelos e o esmagar dos direitos humanos ao povo tibetano assim como fica bem patente que a hipocrisia continua bem presente no mundo político internacional.

sábado, 15 de março de 2008

Ghosts I - IV

No seguimento do alvoroço causado por Radiohead com o lançamento online de In Rainbows, surge agora Ghosts dos NIN, disponibilizado no site da banda, assente no entanto num molde muito mais refinado - mesmo ao estilo do génio Trent Reznor.

A começar pelo formato escolhido: FLAC (compressão sem perdas) para não deixar mácula na meticulosa produção, passando pelo artwork ímpar, ilustrado por um documento em PDF com fotografias brilhantes, que pretendem retratar o processo de gravação e o conceito de Ghosts.

Passando para a música propriamente dita, são 36 faixas de curta duração, instrumentais que tentam espelhar vários cenários e texturas “a soundtrack for daydreams” nas palavras de Trent, ideal para os dias de chuva mais relaxados, ou então como banda sonora num qualquer dia de trabalho. Ghosts não é de fácil audição, assim o é com todos os albuns de NIN, mas mais uma vez merece os meus aplausos para o notável esforço de Trent, na tentativa de inovar neste mundo recalcado.

8/10

quarta-feira, 5 de março de 2008

Rambo IV

Alguém como eu, que cresceu a ver os filmes do Rambo, tendo visto quase 100 vezes o terceiro, era óbvio, que aguardava com relativa expectativa o último dos filmes, "Rambo IV". Mas, algo me dizia que este seria somente uma forma de alguém conseguir ganhar umas "coroas" com o passado, aproveitando-se da personagem.
Infelizmente, o meu presságio confirmou-se, pois Rambo IV, é simplesmente um filme muitíssimo mau.
Em termos teóricos, creio que a ideia inicial talvez fosse positiva, explorar um John Rambo já reformado, retirado, com ar "pesado" da idade, mas com a sua longa experiência de teatros de guerra. No entanto, o transporte desta ideia para a prática simplesmente não funcionou, porque o enredo é paupérrimo.
De uma forma genérica, o filme gira em redor de John Rambo salvar um grupo humanitário das mãos do exército birmanês, sendo que toda esta história foi conseguida com o auxílio de doses elevadas de sangue, podendo-se dar como exemplo, uma parte (ridícula) do filme, em que o realizador conseguiu colocar John Rambo em cima de um jipe, agarrado a uma arma automática, a dizimar por completo o exército birmanês, jorrando litros de sangue pelo ar.
Concluindo, este é simplesmente um filme vazio, sem história, sem brilho, onde apenas existe uma dose excessiva de guerra e violência.

4/10

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Persépolis

"Persépolis" é a história de uma menina que cresce no Irão durante a Revolução islâmica, a história autobiográfica de Marjane Satrapi, que já dera origem a quatro livros de banda desenhada. É através dos olhos da destemida Marjane, de nove anos, que é vista a esperança de um povo ser destruída quando os fundamentalistas tomam o poder, forçando as mulheres a usar o véu e prendendo milhares de pessoas.
Inteligente e extrovertida, Marjane consegue, mesmo apesar das proibições, descobrir a cultura punk, os Abba ou os Iron Maiden. Mas quando o tio é cruelmente executado e as bombas começam a cair sobre Teerão durante a Guerra com o Iraque, o medo começa a ganhar forma. E a ousadia de Marjane torna-se uma preocupação para os pais que acabam por tomar a difícil decisão de a enviar para uma escola na Áustria. Aí, sozinha, Marjane é confundida com o fundamentalismo religioso, exactamente aquilo de que fugiu do seu país. Mas, com o tempo, acaba por ser aceite. Quando termina o liceu, Marjane decide regressar ao Irão, mas aos 24 anos percebe que não pode continuar a viver no seu país, que trocará pela França, numa decisão cheia de optimismo face ao futuro.
Um filme comovente, trágico e ao mesmo tempo cheio de humor, sobre a ignorância, a intolerância e a forma como há pessoas que continuam a lutar contra as suas consequências e por fazer a diferença. O elenco de vozes é familiar: Marjane tem a voz de Chiara Mastroianni e a mãe de Marjane tem a voz da mãe de Chiara, Catherine Deneuve; já a avó é interpretada por Danielle Darrieux, que, pode dizer-se, faz parte da família cinéfila da diva francesa com quem partilhou uma dezena de filmes.
Satrapi, que além de assinar a BD original co-realiza o filme, nasceu em Teerão em 1969, onde viveu antes de se mudar para Viena e, depois, para França. Em 2000, foi publicado o primeiro álbum da série, editado em Portugal três anos depois pelas Edições Polvo. Outro artista de BD, Vincent Parannaud - também conhecido como Winshluss, um premiado autor francês de banda desenhada alternativa - assina também a adaptação ao cinema da obra.
Distinguido com o Prémio do Júri no Festival de Cannes, o filme foi candidato ao Óscar de melhor longa-metragem de animação e, entre outras distinções, ganhou o Prémio do Público nos festivais de São Paulo e Roterdão e foi considerado o Melhor Filme de Animação pelo círculo de críticos de Nova Iorque e Los Angeles.

Fonte: CineCartaz - Público online

9/10

sábado, 16 de fevereiro de 2008

The assassination of Jesse James by the coward Robert Ford


Admito que fui ver este filme de pé atrás. Além de não ser grande fã de westerns, há neste momento alguns filmes que me despertavam maior curiosidade.
Realizado pelo praticamente desconhecido Andrew Dominik (Nova Zelândia), conta com desempenhos extraordinários de Brad Pitt e Casey Affleck e trata-se de uma visão poética dos últimos tempos de vida de Jesse James em completo desalinho psicológico até ser assassinado pelo seu maior fã, Robert Ford.
Será muito provavelmente um filme que não terá o reconhecimento que merece, apesar de estar nomeado para 2 óscares. (melhor actor secundário para Casey Affleck e melhor cinematografia). Trata-se de uma quase obra-prima, com fotografia e banda sonora (Nick Cave e Warren Ellis) fenomenais.
8,5/10

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

A música e os cd's

Enquanto lia o livro “Não Sou o Único”, mais precisamente, a biografia de Zé Pedro, guitarrista dos Xutos & Pontapés, reparei em variadíssimas passagens interessantes, pois neste livro encontra-se acima de tudo uma história de vida riquíssima, no entanto há lá uma passagem, com a qual estou completamente de acordo. Assim, à página tantas, Zé Pedro diz “Intriga-me o facto das editoras, cá ou lá fora, não estarem nada interessadas em vender discos. Interessa-lhes mais manter esta capa de “crise discográfica”, que já existe desde que eu toco guitarra, há mais de 25 anos…e continuamos sem fazer nada. O problema que se põe, é que a Crise Discográfica fez-nos passar das 20 ou 30 editoras que havia na altura para as quatro que há hoje e que não parecem interessadas em fabricar mais discos… (…) Bastava incutir nas pessoas o desejo por um objecto especial para se voltar a vender discos. As pessoas até podem ter 10 discos da Internet, mas, se houver um de que gostem muito, motivam-se para o comprar: ter a capa, o relevo na capa, o livrinho original, faz toda a diferença.” Mais há frente refere ainda “Nem que cada um compre só mesmo os discos de que gosta, terás um culto especial pelo objecto, um carinho que faz com que o guardes. Uma cópia tem a validade de um ou dois anos, depois deita-se fora porque não nos afeiçoamos a ela, não tem nada de distintivo. Há musica muito boa que desaparecerá, pois não tem um registo físico, fica-se pelo virtual e é uma pena.”
Não podia estar mais de acordo com estas palavras, pois apesar das editoras falarem em crise, nada fazem para a tentar inverter. Apesar de para as editoras os cd’s terem um preço de custo baixíssimo, não prescindem das largas margens de lucro que têm em cada cd vendido.
Deste modo, e julgo que fora raríssimas excepções, quem tem álbuns copiados, gostaria sim de os ter, mas na versão original, tal como Zé Pedro refere com “a capa, o relevo na capa, o livrinho original”, no entanto, com o volume de bandas existentes, associadas ao exagerado preço dos cd’s, é impossível possuir-se toda a música que gostamos no formato original, é simplesmente inviável.
Falando por mim, os poucos álbuns originais que tenho, só os adquiri porque são realmente bandas de eleição para mim, e nutro por eles, exactamente aquilo que Zé Pedro refere, “um culto especial pelo objecto”, impossível de sentir o mesmo, por um cd copiado.
No entanto, e apesar de toda esta conjuntura, o nosso Governo também não ajuda nada, pois ao não considerar a música cultura, pois os cd’s são taxadas a 21% e não a 5% como por exemplo os livros, não potencia em nada a compra do cd original.
Termino apenas dizendo, que na minha opinião um preço razoável para os cd’s seriam 10€, e com este valor, tenho quase a certeza, que se assistiria a um grande aumento na compra de originais.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Lei "Anti-Tabaco"


A tão famigerada Lei Anti-Tabaco, foi desenvolvida de tal modo, que alguns aspectos encontram-se envolvidos numa névoa, semelhante àquela que infelizmente ainda grassa em muitos locais públicos fechados.
Assim, a ideia que penso que se encontrava generalizada era que em todo e qualquer local público fechado era proibido fumar, havendo a possibilidade de nos espaços associados à restauração com uma área superior a 100 m2, poderem ser criadas áreas para fumadores, até um máximo de 30% do total respectivo, e aqueles com menos de 100 m2 haver proibição total.
No entanto, relativamente aos locais de restauração com menos de 100 m2, o que a lei diz é o seguinte, "o proprietário pode optar por estabelecer a permissão de fumar que deve, sempre que possível, proporcionar a existência de espaços separados para fumadores e não fumadores." e deverão ainda existir "dispositivos de ventilação (...) e deverá estar garantida a ventilação directa para o exterior". Contudo, este artigo da lei é muito pouco objectivo e claro, pois utilizando expressões como "sempre que possível" e simplesmente "dispositivos de ventilação", dá aso a que os proprietários que tenham autorizado o fumo, continuem lá com os seus jurássicos "dispositivos de ventilação", mais propriamente umas ventoinhas já ressequidas e amarelas da gordura, e como é óbvio nunca é possível criar zonas para não fumadores.
Nesta lei, há ainda uma questão que gostaria de ver esclarecida, e que é a seguinte: Se é proibido fumar nos locais de trabalho, como é que por exemplo, o proprietário de um café, com menos de 100 m2 que tenha decidido permitir fumar, poderá sujeitar um seu empregado a ir servir às mesas?
Termino apenas dizendo, que afinal esta lei não expressa o sonho dos não-fumadores, que é tão simplesmente, a proibição total de fumo nos locais públicos fechados. É pedir muito...?

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Tratado de Lisboa

Após a assinatura de adesão ao Tratado de Lisboa, por parte dos 27 países constituintes da União Europeia, cada um destes países tem de internamente ratificar esta mesma decisão. No entanto, há duas vias que podem ser seguidas para essa ratificação ser efectiva, ou por via parlamentar, ou por via de um referendo. No caso da Irlanda, dada a Constituição deste país, a ratificação terá de ser feita obrigatoriamente através do recurso ao referendo, ao invés dos outros 26 países que poderão optar.
José Sócrates, enquanto líder da oposição havia prometido que caso ganhasse eleições recorreria ao referendo para essa mesma ratificação, contudo agora recusa, escudando-se no facto de ter prometido referendo para o anterior Tratado, que como se lembram foi chumbado pelos Holandeses e Franceses. Apesar de ser mais uma promessa de Sócrates a cair por terra, sou forçado a concordar com a sua decisão, pois tal como outros referendos têm provado, sendo o último (referendo à interrupção voluntária da gravidez) prova disso mesmo, os portuguesas pouco ou nada ligam a este método democrático, dado que as taxas de abstenção são de tal forma altas, que os resultados dos referendo nem chegam a ser vinculativos, sendo necessário depois o parlamento viabilizar os resultados obtidos.
Assim, caso avançasse um referendo onde se pretendia saber se os portugueses seriam a favor ou não da ratificação do Tratado de Lisboa por Portugal, penso que o não venceria largamente. A esquerda retrógrada e oca, com o conluio da direita mais radical, associada à abstenção que seria com toda a certeza altíssima, colocaria Portugal de fora deste Tratado, o que seria claramente um erro de estratégia.
Por tudo isto, e por todo o empenho dado por Portugal para que este Tratado fosse uma realidade, na minha opinião a decisão de Sócrates é sensata e positiva para Portugal.