sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

A música e os cd's

Enquanto lia o livro “Não Sou o Único”, mais precisamente, a biografia de Zé Pedro, guitarrista dos Xutos & Pontapés, reparei em variadíssimas passagens interessantes, pois neste livro encontra-se acima de tudo uma história de vida riquíssima, no entanto há lá uma passagem, com a qual estou completamente de acordo. Assim, à página tantas, Zé Pedro diz “Intriga-me o facto das editoras, cá ou lá fora, não estarem nada interessadas em vender discos. Interessa-lhes mais manter esta capa de “crise discográfica”, que já existe desde que eu toco guitarra, há mais de 25 anos…e continuamos sem fazer nada. O problema que se põe, é que a Crise Discográfica fez-nos passar das 20 ou 30 editoras que havia na altura para as quatro que há hoje e que não parecem interessadas em fabricar mais discos… (…) Bastava incutir nas pessoas o desejo por um objecto especial para se voltar a vender discos. As pessoas até podem ter 10 discos da Internet, mas, se houver um de que gostem muito, motivam-se para o comprar: ter a capa, o relevo na capa, o livrinho original, faz toda a diferença.” Mais há frente refere ainda “Nem que cada um compre só mesmo os discos de que gosta, terás um culto especial pelo objecto, um carinho que faz com que o guardes. Uma cópia tem a validade de um ou dois anos, depois deita-se fora porque não nos afeiçoamos a ela, não tem nada de distintivo. Há musica muito boa que desaparecerá, pois não tem um registo físico, fica-se pelo virtual e é uma pena.”
Não podia estar mais de acordo com estas palavras, pois apesar das editoras falarem em crise, nada fazem para a tentar inverter. Apesar de para as editoras os cd’s terem um preço de custo baixíssimo, não prescindem das largas margens de lucro que têm em cada cd vendido.
Deste modo, e julgo que fora raríssimas excepções, quem tem álbuns copiados, gostaria sim de os ter, mas na versão original, tal como Zé Pedro refere com “a capa, o relevo na capa, o livrinho original”, no entanto, com o volume de bandas existentes, associadas ao exagerado preço dos cd’s, é impossível possuir-se toda a música que gostamos no formato original, é simplesmente inviável.
Falando por mim, os poucos álbuns originais que tenho, só os adquiri porque são realmente bandas de eleição para mim, e nutro por eles, exactamente aquilo que Zé Pedro refere, “um culto especial pelo objecto”, impossível de sentir o mesmo, por um cd copiado.
No entanto, e apesar de toda esta conjuntura, o nosso Governo também não ajuda nada, pois ao não considerar a música cultura, pois os cd’s são taxadas a 21% e não a 5% como por exemplo os livros, não potencia em nada a compra do cd original.
Termino apenas dizendo, que na minha opinião um preço razoável para os cd’s seriam 10€, e com este valor, tenho quase a certeza, que se assistiria a um grande aumento na compra de originais.

1 comentário:

  1. E vê-se na altura de promoções. Eu compro quando os vejo a 10€. E mais, apesar de ter uma cópia em casa compro porque gosto e quero ter o original. E não me lixem, os MP3 não batem nem por sombras o som do CD... mas não há dinheiro que aguente!

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