quarta-feira, 4 de abril de 2007

Salazar...


Para ser completamente sincero fiquei admirado de não ter sido comentado no blog a "eleição" de Oliveira Salazar como "Maior Português de Sempre". Provavelmente ou o assunto não merecia grande interesse (não passa de mais um programa de TV) ou simplesmente não houve tempo para fazer uma grande exposição sobre o assunto. Ora como eu tenho um tempinho cá vai: Pessoalmente, e apesar de se tratar "apenas" um programazeco de televisão, achei grave e acima de tudo triste os resultados das votações. Não me vou alongar em argumentos de que os portugueses têm memória curta (a revolução foi em 74) já que acho óbvio que os resultados da votação foram essencialmente fruto de dois grupos de apoio, sendo um deles o PCP. E o outro? Aparte dos jovens rebeldes que não se importaram de gastar 60 cêntimos só para criar confusão e votar no salazar quem mais votaria em salazar? Os membros do PNR? Não me admira. Alguns membros mais extremistas do CDS? Acredito que sim. Mas mesmo assim ainda faltam muitos votos... Isto tudo para dizer que me entristece bastante que contemporâneos do regime e da revolução tenham escolhido em consciência Salazar como o maior português de sempre. Um ditador! De todas as discussões que tenho tido sobre este assunto ainda não encontrei razões válidas para o sucedido: um grito de revolta contra o estado do país... o falhanço da democracia... Argumentos ridículos, graves e acima de tudo desesperantes. Portugal precisa mesmo de um exorcismo... um exorcismo da mente.

3 comentários:

  1. Antes de mais, saúdo-te vivamente pelo teu primeiro post aqui no Adegueiro.
    Quanto ao facto de este assunto não ter sido tratado aqui, e falando por mim, foi simplesmente por mero esquecimento, pois este é um assunto que eu particularmente gosto de "discutir".
    Relativamente ao que ao tema diz respeito, não penso que tenha existido um grupo de apoio identificado como claramente sucedeu no caso de Álvaro Cunhal. Agora quanto às pessoas que em Salazar votaram, vários são os casos em que é possível identificá-las, por exemplo, quando anualmente em pleno Verão assistimos aos incêndios florestais, frequentemente se ouve, "...falta-nos um Salazar para endireitar isto..."; quando há alguém assaltado, volta-se a ouvir "...no tempo do Salazar não se via nada disto..."; quando se soube que o pão ia ser aumentado, ouviu-se "...no tempo do Salazar, quando o pão era aumentado 5 tostões, o homem estava quase 1 hora a explicar-se...". Ou seja, várias são as situações no dia-a-dia em que se identifica saudosismo do tempo de Salazar, e por tudo isto, estou claramente de acordo que seja criado um Museu em Sta. Comba Dão alusivo a Salazar, mas não obviamente para o idolatrar, mas sim, para se identificar tudo o que de mal, e era muita coisa, que padecia o regime salazarista, para se refrescarem algumas, muitas, memórias.

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  2. Pessoalmente penso tratar-se de um caso claro de memória curta. Os mesmos que um dia foram "rebeldes" dizem que a juventude está podre. Meus amigos, no Futuro estaremos nós a queixarmo-nos dos novos (espero que sem razão). Resumindo, o povo adora queixar-se e vai por aí, "vamos lançar a confusão", "no tempo do Salazar não havia pretos nem ciganos nem crime, etc etc). Essas pessoas esquecem-se se havia (e muito) fome, muita fome. Enfim, os extremos têm destas coisas, mas se o homem fosse vivo ficava em 99º.

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  3. Sinceramente não dei muita importância a este "acontecimento". Surpreendeu-me? Sim, mas este tipo de votações são férteis nisto mesmo. Como já disseram, um conjunto de pessoas de memória curta, e de principio claramente anorécticos, decidiu eleger Salazar como o maior português. Da mesma forma os comunistas votaram em força em Álvaro Cunhal.
    A votação estava claramente bipartida em extremos completamente opostos e fundamentalistas, daí não ligar muito...

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